27 de fev. de 2011

Novas ondas


Quanto tempo, não. Estou aqui de outro lado da tela. Uns pretensamente novos, talvez transpareçam novos momentos; ou só o olho que tenha visto variado. Taí.




ao rugir

Quais bichos
me cerco, animalia;
sejam gatas onças pardas
sejam caçadoras ou mesmo caças
vão miando em meio aos leões
com um rebolado estrangulado
pela manhã e a novidade

Ah, a novidade
que tem cheiro de cem anos,
mas mesmo assim, quanta novidade.
quanto novo em baixo de cada identidade
quais sedes? quais vontades?
dentro de suas pelagens.

Manada imensa,
não vejam meu medo como ofensa.



Reconhecendo

Estamos já digitalizados
jogados à força de braços elétricos,
em quais bits watts volts nos revoltamos ?
perdidos no chão árido do dia
com que idéias me visto?
com que peles que sinto?
pois existimos perdidos
para encontrarmos mais perguntas.
espero enxergar inteiros
pelas partes já partidas
cabeça braço pernas pinto
casa escola escritório puteiro
onde sou por inteiro?
se estou fora de mim
e aí onde estão vocês
e aí onde vocês estejam
peço que gritem
urrem
quebrem
talvez tateando os sons
figuremos a face um
dos outros
Espero ver teu corpo inteiro
assim como o meu.
Estaremos feito um
espelho a refletirmos-nus
completos.



No mato

Do meio da floresta
boiou um concreto
de dia incerto
e noite escura
alguém procurava

um canto vazio

acharam o prédio

de tudo vadio

as paredes
vigas mortas
nasceram nas mãos
de quem vinha

E vinham aos montes
sem pedidos ou vez
cantavam nos cantos
descobriam-se nas sombras
cobertos pelo céu
e pelo receptivo
concreto

andavam vivendo
e por aí pairavam
paravam no ar
suspiravam, suspendiam
eram lugar



Ecos de guerra

Canções disformes
assim repetidas
soam como peças
a rolar nas esteiras estendidas



Ah
Como o mundo é imenso
O mundo é o que há de mais
extenso.



Divagar divagarinho

Enquanto espero
nem vejo o tempo me olhando
com seus dois ponteiros
me apontando os caminhos trincheiras
que vejo desvejo na vista.

Pois ando

Pois passo

Pois fico

Sou terra carne e pó
Sou eu alguém e aquém
do que problematizo
estou a ser um piso
de onde cavo minha vida



Autos

E vivo em
múltiplo nó.
Pois estando sozinho,
comigo não estou só.



Recriminações

O cansaço
ao bom escravo
é incompetência



Na noite

percebe a noite
o que me anoiteço
escuro de vida
turbulência

Escuto estrelas
e nem apaixonado estou.
ou mesmo se sim
não é este o caso

Pois as estrelas
vibrando no palco negro
sinto os pedaços
da outra parte
meu inteiro

Fico impróprio
por querer
cá ser o diferente

Qual diferença faz?

A minha

Dum menos
de onde menos espero.
A menos que já tivesse esperado
demais duma vírgula

E que vírgula
que descrevo
nos versos
e nas coisas que vejo
cá estou
com certeza estou.



para tempestades

Plantei o mar
no meu quintal
colhia as ondas
na minha janela
a bater constantes
sempre as ouvia
já não não tenho maresia
como marolas



ótimo senso

Com os dias para a sensatez
os fanatismos acabam tendências
e os ódios antipatias
paixões viram lembranças










Inté