Falando do tempo...
Garimpo
Vasculhou a rua
a procura do que valha
Correu à avenida
tomou a autoestrada
O asfalto sucedia
mas não se contentava
Levantou o que estendia
embarcou noutra escada
Subiu avançou
foi adiante
rodando voo
Degrau em frente
tropeçou no
céu diamante
CENA
Será que se abraçam ou se estrangulam?
talvez se demorem num cumprimento
ou se evitam na despedida?
Minha mente correu mais
que minhas pernas
Mais percebo pedras
do que dou mortais
Costumes
Em Caminho Curto
não há quem se abrace
ou dê a mão
Olham no olho
e põem-se a girar
Quem vomita primeiro
continua andando
o outro para
e arranca uma folha
da árvore mais próxima
Os lixeiros de lá são
naturalmente cegos e muitos
e os cactus dominam
sua paisagem
Novos caminho-curtanos
não perdem mais tempo
tomam pílulas de enjoo imediato
e chutam as pedras que permeiam
a moderna mata de árvores
plásticas
Logo inventa linguagem
mal mama
Já jejua a vontade
Extrapolações
Naquela quadra mora alguém
Quem
lá mora?
Além daquele morro mora mais alguém
Quem
lá mora?
Aonde ficam sem descanso?
Agrupam-se em famílias?
Nutrem-se quantas vezes?
Sabem ler quais livros?
Primeiro escutam ou primeiro lambem?
Inventaram que instrumentos?
Suas mesas tem quatro lugares?
Seus homens e suas mulheres usam saias?
Têm roupas?
Perguntam sobre os homens
que moram além do morro?
quem mora além do morro?
Além do além do morro?
Lá estão?
Indagam
Percebo cores além dos carros
Nas frases vejo humores e recados
vou por entre entes e ignorados
medindo preços e pesando fatos
Meus conhecidos, esquecidos e lembrados
Lutam em mim, meu âmago é de aliados
Inté