17 de fev. de 2010

E quando menos se esperava ...


Cheguei tarde mas vim, tento redimir-me para com minha freguesia assídua (cri cri cri) com mais textos. Oferta especial: "seis em um" com mais uma faixa bônus. Confira já:

Obs.: Tá meio "Random mode: ON"


Par ede


Parede
Para ede
Pa rede
P arreda
Parar de
Pararde
é meu muro,
de chapisco, de massa corrida, do piche, do portão, da elétrica cerca, da casa, do prédio, de Berlim, do México, de Israel, da China, da favela, que cai, da casa de condomínio, que cai, da represa, do subsolo, da camada de ozônio, do Everest, da cerca viva, da janela, da linha da redação, da fronteira, do dinheiro, da cor da pele, do tijolo, do gesso, do metal, da mente, do corpo, da física,
do invisível,
do muro,
do muro.



Ao mar

Amar o mar,
Que bate à porta da primeira vista,
da terra, da praia, da areia,
do náufrago, da sereia, do surfista

Meus olhos lusos,
azuis e salgados,
estão sequidos e marejados, diante de ti,
deparam-te como inspiração distante,
pois moro longe, longe, muitoalentejo,
mas uma piscina de ondas já me faz recordar,

Teu barulho, teu chiado, tua concha,
teu som faz me ressonar,
Ouço-te, ondulo-me,
Amo-te mar, Amo te amar.



em cadeia

Solidão não é independência
Independência não é liberdade
Liberdade não é bonança
Bonança não é felicidade

Felicidade não anula tristeza,
Tristeza não anula vontade,
Ter vontade, não é ter certeza
E a certeza é pura instabilidade



Pólis

E cidade?
São as.
Leve 100 e pague 1000
Se só vê uma,
é cego,
se vê todas,
cegou-se,

É torre babilônica,
da língua infinita,
recanto do sossego e do caos,
pode nela sentir-se náufrago,
tanto quanto formiga.

Cidade infinita, infinitcidade
míltipla,
e mesmo assim unidade.



Lagartixa de banheiro

Vive no banheiro,
à sombra de um sapato,
na umidade dum ralo,
sua hospedaria é a camuflagem.

E vive de que? E como o quê? E bebe o quê?
Água, folha, mosca?
Como o quê? Bebe o quê?

O único verde da fauna banheirística
é a pasta de dente de hortelã,
E a água que resta, é a que vaza da pia.
Insobrevivível, insobrevivível.

Digo. Alimentam-se de sentimentos,
Comem o que temos como próprio,
o que guarda-se como certo,
por isso é branca,
deglute pureza, engole coragem, meio medo,
mas variam conforme o que ingerem, sua cor,
vira verde, vira amarela, vira cinza, vira marrom,
camufla no ambiente que vive,
nesse caso,
você.



Auto

Como a imagem cega segue,
eu sigo cega imagem,
me traço no ar estrada,
na reta certa, fixo miragem.

Eu canto doido,
Eu doido canto,
Sibilo o som que ouço,
Ouço meu som, espanto.



Estrada afora

Na estrada torta,
e plana e imprecisa,
Ele se andava em carro,
e ele se atropelava em vida,
e bebia na poeira do vento da velocidade,
o resto da emoção que conseguia,
e ria, e sabia, e queria,
que o ar do tempo voltasse,
como o vento que em cara batesse,
correspondesse a cada ano, a cada mês, segundo
que seu vento regressasse.





Inté