16 de nov. de 2012

ZOOM !




O "Um rasgo na não-existência" foi um verso instado pelo Júlio Tarragó, comparsa no verso. O resto é seguir:




Fum antes 

Me afogar na 
fumaça do fumo 
e quem sabe 
sumo 


ESSE 
RISO NÃO 
É MEU 
ALGUMA 
GRAÇA 
QUE MORREU 
E AQUI RESSUSCITA



colar de contas

envelho apegando em preciozinhos
agarro nos cabelos do mundo
para não ser arrastado pelo tempo

afeiçoando-me a frascos
quebrados ou que no
futuro serão

abraçar cacos?

Não

Melhor correr
aos seus
braços
que esses
sem dúvida
irão



És curo

Vou cultivando tristeza
Ver se curo
Vida crueza

Mas a quereria cozida?
prato frio na mesa

Ou Ver de verdade
Ou Ver de certeza

Escuro traiçoeiro
, luz ilesa,
És o silêncio aceso
vitrais de igreja



HOMENHUNO
PLURIOMO
ANTROPOUCO
SOCIOMUITO



Filosofices cíclicas

melhorar as dúvidas
duvidar das dívidas
dividir as melhorias



em paz

choram os mortos
que não choram mais

é o que se pode fazer
pelos que já não podem mais



Um rasgo na não-existência (I) 

Um rasgo na não-existência
pano enorme
plano de fundo
contra o qual plano
todos rasgamos
vazio que nos cerca
vem e nos veda
mas os esbarros
fiapos cruzados
diante do anti
fundam o ser



Um rasgo na não-existência (II)

Um rasgo na não-existência
sem pedir licença irromper
contra o nada que avança
incessante

causar estrago
na trama vazia
vazar o pano do não

do novelo vago
rasgar vida
seguir cisão



quadra

martelo na bigorna
canino cego no nervo
mastigo meu desejo
até virar certeza



Programa

No fim o que viraremos?
pó de primavera
assuntos amenos
sedimento no filtro
impurezas de mijo?

Enfim seremos no fim
senão serafins desnudados
nuvens?
vinhos em garrafas sem taças?
overdoses?

desça o gole
quiça o derradeiro

uvas passas escassas
no novo ano
o findo talvez certeiro



nem triste porque gordo
nem gordo porque triste
sem causa
um e outro



INVASÃO

Começou a aparecer
nos meus sonhos
até aqui?

Cobrarei propriedade
Erguerei cerca

Nem venha se meter
nesse escombro
cá só ser mim!



RUÍDO

Oh, Helenos!
Onde andais?
nas ondas ao menos?
preservados nos sais?

Oh, Helenos!
Onde andais?
descalços desnudos?
a rir dos mortais?

Oh, Helenos!
Onde andais?
de mim alheios?
etéreo gâs?



Por tanto tempo
me ouvi falando
que dei de achar
que me entendia

Pus-me a questionar
pra ver se batia
mas a cada pergunta
mais de uma voz sabia

Sempre que verifico
ainda mais complico
pois insisto em fazer réplica
ao que fui inquirido



Se vieres
não se desvies
de mim

Dê-me adeus
ou nunca volte
vá enfim



me sobra essa sobriedade
que sempre assombra
soa a sensatez
sedenta de seriedade
humilha meu devaneio
desvaria minha humildade



Anóculo

Por trás de óculos
drummundos
de olhos
que abrem
que desdobram pupilas
enrolam luz filtrada
pra dentro do sentido

não há nenhum sentido
só os uso
mas não só










Inté