Fim d'ano, dane-se! Ao recomeço!
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Não sei se escrevo para não esquecer o que penso
Ou se penso para não esquecer o que escrevo
Está escrito?
Sem senso
moeda
Economia
Pra ter do que comer
pra dar pra viver
será que daria
somar subtrair
sumir entre moedas
que coisas custam
se gosta se gasta
respirar
valioso
rasura a usura
Ter sonhos que cabem na conta
seduzido por descontos vencidos
com carrinho vazio furar fila de compras
pisq pisq
Luzes de Natal
vagabundas
duram nem a véspera
Mal sabem do Fim
dos mundos
suicidam-se na pressa
branca noiva
negro noivo
anéis dourados
anjos em alvo
ateus em bronze
deuses descorados
Sou místico até a hora do almoço
Depois digiro
Minh' alma entre a carne e o osso
Em tempo
De dia a gente trabalha
De noite:
Pensa
Clareia
clareia as idéias até
Clarear o dia
Tenho me achado maravilhoso
tomo um susto
Desconheço esse rosto
Vivi
Vivi
Vivo
Comigo
Comquem
Vivo
Chorei
Sorrio
Pormim
Porquem
Sinto
À possibilidade
O negócio é o seguinte
preciso ouvir meu peito
tantos murmúrios para facilitar nada
preciso
sinto que o mundo já me deu sopro
agora respiro
organizar o querer é possível?
Mas lhe estenderei uma porção de força
pois já marcho, mas é como se não marchasse
tocasse com luvas meus dedos e os dos outros
Deixo
deixo o cheiro da cozinha entrar
o poço de minhas feras ainda reserva
urros
Talvez para defender seja melhor se despir dos escudos
Mãos às mãos!
À possibilidade
o que mais?
.conciliar conhecidos.
talvez nada além seja preciso
mantê-los distintos
e em cada um, um querido
Pra quê?
Pra quê tentar reter
o vento entre os dedos
quanto maior o aperto, maior a fuga
se mais rápido prende, mais rápido escapa
se o mete em caixa, é ar morto
se o enjaula, ele rirá
não queira domar o vento
não perca tempo
aprenda com ele a respirar
Veja como vai
e sem aviso
começa a voltar
Caro silêncio
Abracei o silêncio
meu mais poderoso ancestral
mostrou-me seu corpo extenso
Levou-me até onde dormia
Não disse nada
Despiu-se com a paciência
de quem quer mostrar-se por inteiro
Deitou no leito
Abriu meu peito
Dormiu em mim
Hoje quando choro
seu negrume aparece pelos meus olhos
mas sinto que se faz confortável
dentro: dois corpos
Sua paciência me ensina
seus gestos me acalmam
seu segredo me desespera
seus conselhos me salvam
Oh, silêncio terno
copo cristalino
d'água pura quase vazia
diz-me algo distinto
arregala meus olhos
abre meus ouvidos
Contigo sei dos sentidos
Retorno profundo
aos reinos remotos
Desinvento
e passo a andar
silêncio, silêncio,
nada mais,
nada menos,
insolúvel
como um amigo
presente
e é em si
se não
nada
mais
um corpo pesado
voando
nu ar
figueira
A figueira da praça
fez tanta sombra pros dias de verão...
Será que já foi pequena semente
fruto no chão?
Hoje escorre de cima
revolve de baixo
seus fiapos fazem troncos
morrerá?
sombra na praça
descansa
até você passa
Cortes
Quantos quilos de rico
para quantos quilos de pobre
emergências do norte
pro sul
pirâmides de carne
mais duras que pedra
Misturados. carne moída
que por mais que cozida
tudo cru
Estamparei meu desejo
na solidão imaginante
talvez também sonhe
com alguém com igo
sonhe junto ou não sonhe
pois eu mesmo de olhos abertos
vejo só coisas de dentro
no abraço entre dois estranhos
no aceno de um pedestre
no choro de ator qualquer
parecem-me o que me aparece
Poupo a polpa
Mesmo com IPI reduzido
baixa na taxa alfandegária
duzentas gramas grátis no quilo
fim da greve rodoviária
desconto mais que exclusivo
embalagem feita de araucária
simultânea transmissão ao vivo
passadeira ascensorista secretária
correspondência com seu estilo
última grife da Itália
Não pago um puto
nem custo nada
sou da graça
Inté