O "Um rasgo na não-existência" foi um verso instado pelo Júlio Tarragó, comparsa no verso. O resto é seguir:
Fum antes
Me afogar na
fumaça do fumo
e quem sabe
sumo
ESSE
RISO NÃO
É MEU
ALGUMA
GRAÇA
QUE MORREU
E AQUI RESSUSCITA
colar de contas
envelho apegando em preciozinhos
agarro nos cabelos do mundo
para não ser arrastado pelo tempo
afeiçoando-me a frascos
quebrados ou que no
futuro serão
abraçar cacos?
Não
Melhor correr
aos seus
braços
que esses
sem dúvida
irão
És curo
Vou cultivando tristeza
Ver se curo
Vida crueza
Mas a quereria cozida?
prato frio na mesa
Ou Ver de verdade
Ou Ver de certeza
Escuro traiçoeiro
, luz ilesa,
És o silêncio aceso
vitrais de igreja
HOMENHUNO
PLURIOMO
ANTROPOUCO
SOCIOMUITO
Filosofices cíclicas
melhorar as dúvidas
duvidar das dívidas
dividir as melhorias
em paz
choram os mortos
que não choram mais
é o que se pode fazer
pelos que já não podem mais
Um rasgo na não-existência (I)
Um rasgo na não-existência
pano enorme
plano de fundo
contra o qual plano
todos rasgamos
vazio que nos cerca
vem e nos veda
mas os esbarros
fiapos cruzados
diante do anti
fundam o ser
Um rasgo na não-existência (II)
Um rasgo na não-existência
sem pedir licença irromper
contra o nada que avança
incessante
causar estrago
na trama vazia
vazar o pano do não
do novelo vago
rasgar vida
seguir cisão
quadra
martelo na bigorna
canino cego no nervo
mastigo meu desejo
até virar certeza
Programa
No fim o que viraremos?
pó de primavera
assuntos amenos
sedimento no filtro
impurezas de mijo?
Enfim seremos no fim
senão serafins desnudados
nuvens?
vinhos em garrafas sem taças?
overdoses?
desça o gole
quiça o derradeiro
uvas passas escassas
no novo ano
o findo talvez certeiro
nem triste porque gordo
nem gordo porque triste
sem causa
um e outro
INVASÃO
Começou a aparecer
nos meus sonhos
até aqui?
Cobrarei propriedade
Erguerei cerca
Nem venha se meter
nesse escombro
cá só ser mim!
RUÍDO
Oh, Helenos!
Onde andais?
nas ondas ao menos?
preservados nos sais?
Oh, Helenos!
Onde andais?
descalços desnudos?
a rir dos mortais?
Oh, Helenos!
Onde andais?
de mim alheios?
etéreo gâs?
Por tanto tempo
me ouvi falando
que dei de achar
que me entendia
Pus-me a questionar
pra ver se batia
mas a cada pergunta
mais de uma voz sabia
Sempre que verifico
ainda mais complico
pois insisto em fazer réplica
ao que fui inquirido
Se vieres
não se desvies
de mim
Dê-me adeus
ou nunca volte
vá enfim
me sobra essa sobriedade
que sempre assombra
soa a sensatez
sedenta de seriedade
humilha meu devaneio
desvaria minha humildade
Anóculo
Por trás de óculos
drummundos
de olhos
que abrem
que desdobram pupilas
enrolam luz filtrada
pra dentro do sentido
não há nenhum sentido
só os uso
mas não só
Inté
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