29 de dez. de 2012

Brindemos!




 


Fim d'ano, dane-se! Ao recomeço!



Post it

Não sei se escrevo para não esquecer o que penso
Ou se penso para não esquecer o que escrevo
Está escrito?
Sem senso



moeda

Economia
Pra ter do que comer
pra dar pra viver
será que daria
somar subtrair
sumir entre moedas
que coisas custam
se gosta se gasta

respirar
valioso
rasura a usura

Ter sonhos que cabem na conta
seduzido por descontos vencidos
com carrinho vazio furar fila de compras



pisq pisq

Luzes de Natal
vagabundas
duram nem a véspera

Mal sabem do Fim
dos mundos
suicidam-se na pressa



branca noiva
negro noivo
anéis dourados

anjos em alvo
ateus em bronze
deuses descorados



Sou místico até a hora do almoço
Depois digiro
Minh' alma entre a carne e o osso



Em tempo

De dia a gente trabalha
De noite:
Pensa

Clareia
clareia as idéias até
Clarear o dia



Tenho me achado maravilhoso
tomo um susto
Desconheço esse rosto



Vivi

Vivi
Vivo
Comigo
Comquem
Vivo

Chorei
Sorrio
Pormim
Porquem
Sinto



À possibilidade

O negócio é o seguinte
preciso ouvir meu peito
tantos murmúrios para facilitar nada
preciso
sinto que o mundo já me deu sopro
agora respiro
organizar o querer é possível?
Mas lhe estenderei uma porção de força
pois já marcho, mas é como se não marchasse
tocasse com luvas meus dedos e os dos outros

Deixo
deixo o cheiro da cozinha entrar
o poço de minhas feras ainda reserva
urros

Talvez para defender seja melhor se despir dos escudos

Mãos às mãos!
À possibilidade



o que mais?

.conciliar conhecidos.
talvez nada além seja preciso
mantê-los distintos
e em cada um, um querido



Pra quê?

Pra quê tentar reter
o vento entre os dedos
quanto maior o aperto, maior a fuga

se mais rápido prende, mais rápido escapa
se o mete em caixa, é ar morto
se o enjaula, ele rirá

não queira domar o vento
não perca tempo
aprenda com ele a respirar

Veja como vai
e sem aviso
começa a voltar



Caro silêncio

Abracei o silêncio
meu mais poderoso ancestral
mostrou-me seu corpo extenso
Levou-me até onde dormia

Não disse nada
Despiu-se com a paciência
de quem quer mostrar-se por inteiro
Deitou no leito
Abriu meu peito
Dormiu em mim

Hoje quando choro
seu negrume aparece pelos meus olhos
mas sinto que se faz confortável
dentro: dois corpos

Sua paciência me ensina
seus gestos me acalmam
seu segredo me desespera
seus conselhos me salvam

Oh, silêncio terno
copo cristalino
d'água pura quase vazia
diz-me algo distinto
arregala meus olhos
abre meus ouvidos

Contigo sei dos sentidos
Retorno profundo
aos reinos remotos
Desinvento
e passo a andar

silêncio, silêncio,
nada mais,
nada menos,

insolúvel
como um amigo
presente

e é em si
se não
nada
mais

um corpo pesado
voando
nu ar



figueira

A figueira da praça
fez tanta sombra pros dias de verão...
Será que já foi pequena semente
fruto no chão?

Hoje escorre de cima
revolve de baixo
seus fiapos fazem troncos
morrerá?

sombra na praça
descansa
até você passa



Cortes

Quantos quilos de rico
para quantos quilos de pobre
emergências do norte
pro sul

pirâmides de carne
mais duras que pedra

Misturados. carne moída
que por mais que cozida
tudo cru



Estamparei meu desejo
na solidão imaginante
talvez também sonhe
com alguém com igo
sonhe junto ou não sonhe
pois eu mesmo de olhos abertos
vejo só coisas de dentro
no abraço entre dois estranhos
no aceno de um pedestre
no choro de ator qualquer
parecem-me o que me aparece



Poupo a polpa

Mesmo com IPI reduzido
baixa na taxa alfandegária
duzentas gramas grátis no quilo
fim da greve rodoviária
desconto mais que exclusivo
embalagem feita de araucária
simultânea transmissão ao vivo
passadeira ascensorista secretária
correspondência com seu estilo
última grife da Itália
Não pago um puto
nem custo nada
sou da graça














Inté

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