20 de mar. de 2010

A arte de preencher




Mantendo rotina, pelo menos tentando:




Plebe cito


E as minhas opiniões,
chegaram para mim e perguntaram:
“— Qual a sua favorita?
— Qual de nós é a sua?”

Tentei mediar,
andei em círculos,
cocei a fronte,
pensei.

Conclui: “— Minha opinião é ter nenhuma!”
Uma na platéia saltou e exclamou:
“— Não disse, não disse? Sou eu.”



Vestiba

seu concorrente sabe mais que você,
seu concorrente tem melhores chances que as suas,
seu concorrente é melhor,
seu concorrente é maior.

seu concorrente respira mais,
seu concorrente vive mais,
seu concorrente há de vingar-se,
caso você roube a vaga dele.
seu concorrente come mais e melhor,
Ele bebe uma água que nutre os neurônios,
seu concorrente, ... ele te espia! Cuidado, pode estar sendo vigiado.

Seu concorrente passou noites à espreita,
Vê aquele carro na esquina, é ele,
Prolonga noites, suprime dias.
Ele próprio lá te espreita.
Deixou de estudar, decorar, engolir livros
pois já engoliu todos,
pra te ver, te decifrar, te saber, te eliminar.

Mas o tempo passou para ele,
e ele te perseguia, te decorava, te sabia,
você foi tornando-se tão claro para ele,
que ele te via como transparência,
viu te nele.

Ele agonizou-se, desesperou,
tentou dar um tempo da investigação,
tirou umas férias,
andou por aí,
tentou.

Mas não, não adiantou.
Ele não desfez a imagem,
Quando lembrava de você,
lembra dele,
E assim, esquecia,
esquecia que era seu inimigo,
esquecia que te odiava,
esquecia que era seu rival,
esquecia que era seu concorrente.



Yo

Ao calar-me, me enterro,
me sepulto, me soterro,
abafo-me em mim,

Talvez seja um defeito,
ser muito externo,
tão externo que me expulso de mim

Me viro ao avesso,
desviro tripas,
Onde estou?
fora? dentro?

Me cuspo na voz que exalo.
Estou no som,
Estou no vento,
Estou no ar,
Estou nos versos





Inté

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