20 de abr. de 2011

Vortemo à terra do sol


Estou em Goiânia. Estado de volta.


A LUA OBESA

planava no jardim e na mesa
prato imenso
servia-me o céu.
comi o meu dia inteiro
e a prata esfera de sobremesa



eixos

teus pontos cartesianos
tuas celas binuméricas
tão certas
são grãos de areia
que voaram da praia
e pousaram na tua folha branca.
tão exatos
quanto o acidente
da vida.



MEO DIA

e aqui
piso nesse ar seco
raspo-me nesse limpo azul
amacio-me no suor de meus poros
sou eterno céu que me cerca
.respiro.
.penso.
.paro.
.continuo.

cá momentos são inteiros
com seus fins começos.
o prazo de se poder estar.
.estou.

à sombra quente
olho imensamente
os ponteiros pedem tempo lentamente
lento
leito que me deito
.descanso.

Descasco as idéias
pois a paz me invade demais
não quero tanto sossego.
mas sou tanto sossego.
me desassossego
pois quero desquero as paragens que vejo
paradas nesse tempo
paradas em mim
pois as coisas parecem presas.
E eu caço e eu caça.
Caço a dor que me desacompanha,
pois aqui encontro
plena paz
plena paz
plena plena paz
plana paz
.tortuo.

Torço distorço,
as retas tão retas
os planos tão planos
são implantes
próteses
que eu aqui amoleçido pelo tempo, tremulando ao vento,
tento mudar meu fora moldando meu dentro.
profundo e denso
tenso e sou teso
para enfrentar-me lá fora
.encorajo.

Na minha cara, carne que ajo,
rubro
no calor
que me ferve e ferve o fora
bule as pedras de gelo
ebule os calçamentos negros.
remexe as fronteiras do cá e lá
tremula as divisas do eu de dentro do outro de fora
rui os limites do eu do mim
movimenta
e fluidamente transcendo a peneira da pele e
escorro nas valetas
subo nas sarjetas
encrespo nas gretas
infiltro nas muretas
embaço as vidraças das saletas
e arranho os céus
pois deslimito
vou além
voô além
e nem mau nem bem
.nasço.



volver

Quando volto; mal retorno
nem me vejo quando sobro
nesses bumerangues ébrios
tontuo
pontuo o passado
e passam por mim
pontes do tempo
estradas passadas
tempos de outro



Duvidas

Já não sei o que pensar
já não penso o que penso
agora escrevo
agora leio
me ponho em extenso



Perdoai

Pedi perdão
para o mundo
por não ter pecado tanto quanto devia
por não ter rezado antes de dormir
por ter tido medo da redenção
por ter morrido sem vergonha
e amado tudo o que odeia
o amável











Inté

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